Networking: A Arte de Servir e a Contradição do Interesse

A Arte de Servir e a Contradição do Interesse

 

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Networking: A Arte de Servir e a Contradição do Interesse

Qual é o verdadeiro significado de networking? A palavra, que se tornou um jargão do mundo corporativo, muitas vezes é associada à ideia de conhecer o máximo de pessoas possível para extrair o máximo de benefícios delas.

No entanto, os maiores especialistas no assunto afirmam que essa visão é, na verdade, o oposto do que realmente funciona.

O networking é a arte de construir relacionamentos duradouros e valiosos. É uma via de mão dupla, uma rede funcional que opera através da reciprocidade. E a base de tudo isso é uma única ação: servir


 

Servir: A Base do Verdadeiro Networking

 

A arte do networking consiste em ser interessante sem ser interesseiro. A grande sacada é entender que existem apenas duas formas de ter acesso às pessoas: pagando ou servindo. E, entre as duas, a forma mais legítima e poderosa é o serviço.

Fazer algo por alguém é o ponto de partida de qualquer relação. É como plantar uma semente que, no futuro, gerará frutos. Em vez de pensar “o que eu posso extrair dessa pessoa?“, a mentalidade dos grandes networkers é “como eu posso contribuir com você?”.

Ao oferecer ajuda, solucionar um problema ou agregar valor, você cria uma sensação de gratidão e de desejo de retribuição, uma reciprocidade positiva que fortalece a relação.

Um empresário, por exemplo, que se tornou um expert em conexões estratégicas, conta que, desde muito jovem, cultivava o hábito de servir. Ainda na adolescência, ele levava queijo da roça para seus professores na capital, ou conseguia bermudas de uma confecção do seu pai para um vizinho.

Anos depois, já em seu negócio, ele nunca se esqueceu de como a atitude de servir seu cliente, mesmo com pequenos gestos, pode transformar a relação. Isso nos leva a outro ponto crucial: a disciplina. O hábito de servir o outro exige dedicação e consistência. Não é algo que se faz apenas quando é conveniente.

É uma escolha diária, um exercício de focar no que é difícil no presente para colher os resultados no futuro, assim como discutimos em nosso texto sobre a disciplina como meio para o sucesso. Servir de forma genuína passa a ser um estilo de vida, e não apenas uma estratégia.


 

A Contradição do Interesse Genuíno

 

Agora, vamos apimentar a conversa. É hipocrisia dizer que devemos servir sem ter nenhum interesse? A resposta é: não. É perfeitamente legítimo ter um interesse, especialmente no mundo dos negócios.

Um banqueiro quer fechar negócios, um empresário quer vender um produto. A questão não é eliminar o interesse, mas entender a ordem de prioridades.

As pessoas são extremamente sensíveis. Elas percebem quando a intenção por trás de um relacionamento é puramente transacional. É como um tubarão que sente o cheiro de uma gota de sangue a quilômetros de distância.

Você pode se aproximar de forma brusca, tentando extrair algo, e a outra pessoa sentirá a má intenção. Por outro lado, se a sua atitude for genuína, o valor que você agrega será percebido e o relacionamento terá uma base sólida.

Um casamento, por exemplo, é um relacionamento de interesse, mas de interesse mútuo. Você deseja ser feliz, mas a sua função é também fazer a outra pessoa feliz. O interesse existe, mas ele é compartilhado.

Da mesma forma, em um relacionamento de networking, o interesse só é positivo quando é uma via de mão dupla. Um empresário do ramo do entretenimento relata que sua carreira começou na pior fase de sua vida financeira.

Ele, que tinha abandonado seus negócios, percebeu que sua esposa, uma cantora em ascensão, tinha uma grande dor: a logística das viagens e shows. Ele não pediu dinheiro, não pediu ajuda. Simplesmente pegou uma folha de papel e começou a organizar toda a logística dela.

Após um mês servindo desinteressadamente, ele foi contratado para gerenciar a carreira dela. Anos depois, ele se tornou um dos maiores empresários do show business. Ele não buscou o sucesso por interesse, mas o sucesso o encontrou porque ele serviu primeiro.


O Poder de uma Rede de Pessoas (e não de CNPJs)

 

Por trás de um CNPJ, há um monte de CPF. Isso significa que negócios são feitos por pessoas. E uma das maneiras mais eficientes de gerar negócios é através de relacionamentos.

O objetivo final do networking pode ser fazer negócios, mas a melhor estratégia para chegar lá é servindo. Resolver os problemas dos outros é a essência do serviço.

Um corretor de imóveis que liga para seus clientes no aniversário para desejar parabéns, ou um amigo que se sente bem em ajudar a resolver problemas, desde conseguir um ingresso para um show até intermediar a fusão de uma empresa.

Esses pequenos gestos, que parecem não ter uma recompensa imediata, constroem uma reputação e uma rede de confiança que se traduz em negócios a longo prazo.

Essa visão se alinha perfeitamente com o que discutimos em  estratégias em redes sociais, onde o foco não deve ser apenas a venda direta, mas a criação de valor e a construção de uma comunidade que se identifique com a sua marca.

O poder da reciprocidade nas conexões pessoais é o que impulsiona o crescimento e a credibilidade. É possível ter sucesso fazendo networking por interesse e servindo apenas por interesse. Muitos fazem isso, focando em um modelo puramente transacional.

Mas a verdadeira diferença, o poder que transcende os negócios, surge quando você adota o serviço como um estilo de vida.


 

No Networking o Estilo de Vida que Transcende o Interesse

 

O ponto final e mais poderoso é a diferença entre servir por interesse e servir por ser um estilo de vida. Se você serve apenas para fechar um negócio específico, você pode ter resultados.

Mas se você consegue sublimar seu interesse e fazer do ato de ajudar as pessoas uma parte genuína de quem você é, sua rede se expande de forma exponencial. 

Essa é a diferença entre o relacionamento transacional, onde a troca é clara e imediata (o “transacional”, o “taxímetro”), e o relacionamento que é construído com base na sinceridade e no desejo de ajudar. A arte do networking não tem uma fórmula exata.

Não é uma equação matemática onde você dá três vezes e a outra pessoa retorna na quarta. É um jogo de sensibilidade, onde as pessoas percebem a intenção por trás de suas ações.

Ao se tornar uma pessoa que serve por princípio, você vive de forma mais leve e mais plena. Você se sente bem, preenchido, e sabe que está plantando sementes que, invariavelmente, darão frutos. Como diz o ditado, “o que se planta, se colhe”.


 

Conclusão

 

O networking não é uma corrida para ver quem conhece mais gente, mas uma jornada para construir relacionamentos de valor. A melhor estratégia não é a que foca em extrair, mas sim a que foca em servir. Embora o interesse seja natural, ele deve ser secundário ao desejo de ajudar.

Ao adotar o serviço como um estilo de vida, você se torna mais do que um negociador; você se torna uma referência, alguém que as pessoas procuram não apenas por negócios, mas porque sabem que você genuinamente se importa.

Essa é a única forma de construir uma rede verdadeiramente forte, duradoura e próspera.

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